Na época em que as rosas ainda não tinham espinhos havia uma menina, Marina, cuja melhor amiga era uma linda Rosa. Todas as manhãs, antes de ir ara a escola, ia falar á flor. Quando voltava da escola, os eus primeiros pensamentos eram para a sua Rosa. Ia a correr pôr a mala no quarto e corria para o fundo do jardim, onde a flor a esperava. A menina contava então o seu dia à Rosa, que a escutava agitando as pétalas suavemente ao vento.
A flor era feliz. Marina também.
Depois chegou o Verão e, com o calor do mês de Julho, o dia de anos de Marina. Naquela manhã, ao levantar-se, pisou um enorme embrulho e apressou-se a abri-lo.
Espantada, Marina descobriu então, agachado no fundo de uma caixa de madeira, um engraçado ouriço que a olhava admirado. Deu-lhe o nome de PimPome, louca de alegria, pô-lo com muito cuidado no tapete do quarto e começou a brincar com ele.
Procurou nas suas coisas, descobriu um fio de lã, atou-lhe uma bolinha de papel e sacudiu-o à frente do focinho do ouriço. Este primeiro um pouco assustado, entregou-se rapidamente à brincadeira.
Nesse dia a menina não foi falar à rosa, nem contar-lhe histórias, nem sequer regá-la. Muito feliz por ter encontrado um novo amigo, esqueceu-se completamente da flor. Os dias passaram, depois as semanas... Marina e PimPom passavam a maior parte do tempo a brincar juntos, enquanto que ao fundo do jardim, triste e cheia de sede, a rosa murchava pouco a pouco...
Num dia bonito, Marina pôs o ouriço num cesto e levou-o ao bosque, para jogarem às escondidas. Quando foi a vez de PimPom procurar a menina, o ouriço enfiou-se por sebes e silvados. Infelizmente deu de caras com um enorme lobo que o comeu. Chegou a tarde e Marina, preocupada por não encontrar o ouriço, procurou-o durante muito tempo no bosque, mesmo depois do pôr do Sol.
Só no dia seguinte, ao aproximar-se da árvore onde no dia anterior tinha deixado PimPom para se ir esconder, é que ela descobriu os espinhos do ouriço. Era tudo o que restava do pobre PimPom.
Cheia de medo, Marina voltou a trás. Quando chegou a casa atirou-se para o sofá, olhando através das lágrimas o fogo que ardia na lareira. As horas passavam sem que a menina se mexesse. Recusava alimentar-se e todas as tentativas para a consolar eram em vão. Mas de repente as chamas começaram a dançar mais na lareira e desenharam uma rosa. Marina lembrou-se então da flor que tinha abandonado. Levantou-se logo e correu para o fundo do jardim.
Infelizmente, o calor do Verão parecia ter acabado com a rosa, cujo caule muito seco se dobrava miseravelmente. Chorando, Marina foi a correr encher o regador.
Mas, que surpresa! Para sua grande alegria, a flor pouco a pouco ganhava forças, recuperando a sua cor rosa. Mas Marina tinha a impressão de que alguma coisa tinha mudado. Debruçou-se um pouco mais sobre a flor e viu que o seu caule estava agora coberto de minusculos espinhos, como o seu ouriço.
A partir desse dia, todas as rosas têm espinhos. E todas as pessoas que se picam neles lembram-se de que, há muito tempo na época em que as roseira não tinham ainda espinhos, uma rosa quis, para agradar a uma menina, lembrar-lhe um ouriço.
. PORQUE É QUE AS ROSAS TÊM...